No Brasil, onde tem churrasco, tem cerveja.
Sempre foi assim. Não precisa ser assim pra sempre.
Recentemente, participamos de um agradável churrasco com familiares próximos (estamos em pandemia, cuidem-se!) no estilo "rachamos a carne e cada um leva sua bebida". Enquanto a maioria optou por cerveja e/ou refrigerante, resolvemos apostar nos vinhos. Pensamos, repensamos e optamos por um trio: espumante brut, branco refrescante e tinto potente. Deu certo!
Aqui o IMPORTANTE NÃO SÃO OS RÓTULOS escolhidos, mas sim o estilo do vinho.
A LÓGICA Aplicamos o raciocínio utilizado na maioria das refeições: entradas simples e leves seguidas de pratos que vão se tornando mais e mais robustos. Imaginamos o churrasco se iniciando com petiscos frios (porções de frios temperados, amendoim, maionese, pão com vinagrete, etc.), seguidos por petiscos quentes e carnes leves (queijo coalho, cortes de frango, porco ou peixes grelhados e assados) e finalmente as carnes gordurosas (picanha, costela, cupim, etc.)
O INÍCIO
Nesta lógica, o vinho tem que seguir o "peso" do prato. Para o começo mais leve, escolhemos um vinho mais leve, um espumante servido a cerca de 6ºC que pode ser deixado no balde com gelo à sua frente. Optamos pelo Aurora Brut, que possui uma quantidade mediana de açúcar residual, deixando-o refrescante e não muito seco. A taxa de açúcar e acidez comumente encontradas em um Brut facilita a harmonização. Um espumante com essas características pode ser facilmente consumido sem acompanhamento, por isso deixamos ele para a entrada do churrasco, com os petiscos frios e até mesmo antes de começarmos a "manjare" de verdade. Uma constatação: com o calor e o clima festivo, o espumante é rapidamente consumido.
O MEIO
À medida que iniciaram os petiscos mais quentes, como o queijo coalho, pães de alho e carnes brancas, abrimos um vinho verde branco. Aqui, um Sauvignon Blanc ou um Chardonnay chileno do pé dos andes, sem madeira, iria tão bem quanto. A opção pelo vinho verde foi basicamente econômica ($$$). Encontramos o português Conde de Cortes, um DOC da região noroeste de Portugal por inacreditáveis R$11,00 em uma promoção no Carrefour. Embora não conhecêssemos este vinho verde, temos boas referências sobre seu frescor, acidez e capacidade de harmonizar. Os vinhos verdes são bem refrescantes, para serem servidos em torno de 8 a 10ºC, harmonizam perfeitamente com carnes brancas assadas e grelhadas. Apostamos nele com sucesso! Cumpriu bem seu papel intermediário, realizar a passagem das entradas para o prato principal.
O GRAN FINALE
Após tantos aperitivos e entradas, com o apetite completamente aberto, partimos para o churrasco propriamente dito. Abrimos um Cabernet Sauvignon chileno simplesmente magnífico, o Root:1.
Embora a confraternização em família não fosse local para uma degustação técnica, não pudemos deixar de reparar na sua cor brilhante, no aroma intenso de frutas negras e na acidez perfeita para suportar as gorduras da carne vermelha.
O Cabernet poderia ser facilmente substituído por um Syrah ou um Tannat com características próprias dos vinhos tintos potentes argentinos, chilenos ou uruguaios: a acidez acentuada e os aromas marcantes.
Mais um vinho que cumpriu bem seu papel!
Como dissemos no início, aqui não importam os rótulos, mas sim as características dos vinhos.
Saímos do churrasco bem alimentados(!) e felizes pelas escolhas. Constatamos que, embora no consciente das pessoas churrasco e cerveja estejam diretamente ligados, churrasco e vinho pode ser uma combinação ainda melhor, mais harmônica, mais rica em complexidade, em qualidade e intensidade!
Nos futuros churrascos pretendemos manter a lógica com pequenas variações que possam nos trazer ainda mais satisfação. A cerveja não está dispensada, mas o vinho com churrasco conquistou nosso coração!
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Saúde sempre!
Crédito da imagem do Aurora: http://www.vinhoparatodos.com
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