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DECIFRANDO O RÓTULO DO MEIA PIPA

christianocruz

Atualizado: 17 de nov. de 2020

EPISÓDIO 1 - MEIA PIPA - PRIVATE SELECTION 2014


Harmonização: Polpetone Recheado (link para a receita no final)


Estreamos hoje na página Sentidos do Vinho a Série "Decifrando o Rótulo". Os vinhos sempre trazem em seus rótulos uma quantidade gigantesca de informações, algumas explícitas e outras escondidas nos detalhes, na história que cada garrafa carrega.

Degustaremos o rótulo do modo que fazemos com a bebida, percebendo seus detalhes lentamente, um por um, e levando aos amigos informações interessantes e esclarecedoras sobre cada garrafa.


Acompanhe a leitura do rótulo enquanto degusta esse belo vinho:


A) MEIA PIPA: "Pipa" é o nome dado às vasilhas grandes de madeira usadas para o armazenamento e envelhecimento de líquidos, como por exemplo os barris de carvalho. Uma pipa comporta aproximadamente 500 litros, e assim "Meia Pipa" seria aproximadamente 250 litros. A vinícola resolveu dar esse nome ao vinho porque no início da sua produção, em 1986, a ideia era vendê-lo tão somente aos amigos da vinícola, em recipientes de 250 litros, ou meia pipa. No entanto, a boa aceitação do vinho levou os produtores a engarrafá-lo para exportação a diversos países. Este vinho envelhece por 8 meses em barricas de carvalho francês.


B) Private Selection : Quando uma vinícola deseja diferenciar suas linhas de produtos, utiliza nos rótulos termos como "Reserva", "Reserva Especial", "Gran Reserva", "Reservado", "Seleção", "Seleção Privada", etc. Entretanto, pouquíssimos países adotam regras rígidas para a utilização destes nomes, como a Espanha e a Itália, por exemplo. Os portugueses, embora não sigam regras bem definidas, costumam usar estes termos em seus rótulos quando o vinho é realmente diferenciado, e não como um mero chamariz ao consumidor. Este é o caso, um "Seleção Privada".


C) 2014: A indicação do ano no rótulo mostra que este é um vinho safrado, ou seja, todas as uvas utilizadas na produção deste vinho foram colhidas em 2014. Cada região possui suas safras chamadas "excepcionais", mas para conhecê-las é preciso muito estudo e familiaridade com cada região e país.


D) CASTELAO/SYRAH: São as duas variedades de uvas "viti viníferas" utilizadas na produção deste vinho. Como utiliza-se mais de um tipo de uva, chamamos de "vinho de corte". Neste caso, utilizou-se as castas em proporções de 60% de Castelão e 40% de Syrah. O enólogo procura assim extrair o melhor de cada casta em seu produto.


E) PORTUGAL: País produtor do vinho. Essa foi fácil! 😊


F) BACALHOA: É o nome como a vinícola é conhecida. O nome tem uma origem um tanto interessante, pois vem do apelido de D. Jeronimo Manuel, o "bacalhau", marido de Dona Maria Mendonça Albuquerque, herdeira da propriedade. Como o povo tem má língua, é bem provável que se referiam à esposa do "Sr. Bacalhau" como "Dona Bacalhoa" (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Quinta_da_Bacalhoa)




G) BACALHOA WINES OF PORTUGAL: Chegamos na cápsula, aquela parte no alto da garrafa que protege a rolha. "Bacalhoa Vinhos de Portugal" é a razão social da empresa produtora do vinho, uma Sociedade Anônima presente em 7 regiões vitivinícolas portuguesas, com 1200 hectares de vinhas plantadas (aproximadamente 1200 campos de futebol), distribuídas em 40 propriedades rurais, trabalhando com 40 tipos diferentes de uva e detentora de 4 adegas.





H) VINHO REGIONAL PENÍNSULA DE SETÚBAL: A região da Península de Setúbal, localizada no estuário do Rio Tejo, possui 3 Denominações de Origem (D.O.): Moscatel de Setúbal, Moscatel Roxo e Palmela, que seguem regras rígidas para a produção de vinhos. Quando o rótulo apresenta a inscrição "Vinho Regional Península de Setúbal", não se trata de uma Denominação de Origem, mas sim de uma Indicação Geográfica (IG), que segue regras bem menos rígidas na produção do vinho, desde as variedades de uvas permitidas, suas proporções e métodos de vinificação.



I) VINHO TINTO DE MESA SECO FINO: O importante para o degustador de vinhos é a palavra "Fino". Quando essa palavra não está presente no rótulo significa que o vinho é feito com as chamadas "uvas americanas" ao invés das "viti viníferas". As uvas americanas fazem o vinho de mesa, aquele geralmente bem docinho, muito tradicional aqui no Brasil. As viti viníferas conferem maior complexidade e riqueza de sabores e aromas ao vinho e a sua presença é informada com a palavra "FINO" no rótulo, ainda que conste também a expressão "DE MESA".




J) Apenas para informação, o endereço eletrônico da vinícola mudou, agora encontra-se hospedada em www.bacalhoa.pt


K) COMISSÃO VITIVINÍCOLA REGIONAL DA PENÍNSULA DE SETÚBAL (CVRPS): É a entidade que certifica (uma espécie de ISO 9000) os vinhos desta região. São eles que verificam se os vinhos cumprem as determinações das Denominações de Origem (DO) ou da Indicação Geográfica (IG).


L) D.L. 94/2012: É o Decreto-Lei publicado pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território de Portugal, que reviu o regime das taxas incidentes sobre os vinhos e produtos vínicos. Pensaram que imposto era só aqui no Brasil?!


M) WINES OF PORTUGAL: Essa é a marca "Vinhos de Portugal", criada em 2010 como uma ação para diferenciar os vinhos deste país e ter sua qualidade reconhecida internacionalmente. A divulgação da marca procura mostrar que Portugal possui imensa variedade de terroirs, castas e blends, produzindo vinhos únicos e distintos, elevando seus vinhos à condição de "arte".


Link para a receita de polpetone que utilizamos: https://www.youtube.com/watch?v=rMCv844yFMw


Saúde!



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